sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Linguagem...

Retomando o nosso bate-papo sobre lingüística saussuriana, é bom relembrar o conceito de linguagem para Saussure, bem como o quanto considerou desafiante para a lingüística a determinação de uma entidade lingüística devido à própria situação de complexidade da linguagem e, de como surge a necessidade de “dividir” os elementos formadores da linguagem numa tentativa de se compreender o elo forçosamente existente entre eles.

Segundo o CLG, para Saussure, a linguagem possui um lado individual, a fala, e um lado social, a língua. Desta forma, a linguagem implicaria num sistema estabelecido e numa evolução; isto porque é uma instituição atual, ao mesmo tempo em que é, também, um produto do passado (CLG,16 e ELG, 40).

De fato, é na situação de fala que a linguagem existe completamente. Porém, neste dado momento, todos os falantes colocam em prática uma língua dada; conhecida por todos e que é falada por sua comunidade desde sempre. Essa mesma língua é reinventada e atualizada no exato momento de sua execução através da fala, entretanto, no momento justo em que são pronunciados seus enunciados eles vão, na medida em que são articulados, ficando no passado.

A complexidade da linguagem não reside apenas no fato de ser uma entidade do presente e do passado, ao mesmo tempo. Sua condição dual também contribui para isso, o que dificulta para o lingüista a tarefa de determinar uma entidade lingüística (ELG, 21).

A dificuldade está justamente no elo entre os elementos constituintes da linguagem, que, separadamente, jamais pederiam ser representados por uma simples soma de fatores isolados e autônomos, e, sim, pela divisão de um só elemento em dois fatores autônomos e interdependentes. O que impossibilita ao pesquisador analisá-los separadamente como faria um químico ao analisar os elementos formadores do ar, por exemplo.

O fato, é que, de um lado tem-se um fenômeno vocal como tal; o som ou a figura vocal, e do outro um fenômeno vocal como signo. O primeiro; um fato físico e objetivo, o segundo; um fato mental e subjetivo. (ELG, 24/25).

Se, como se pensava mesmo no tempo de Saussure – e ainda pensam alguns na atualidade, a dualidade bifurcasse som e idéia, a lingüística estaria diante de um elemento simples, uma vez que sua tarefa consistiria em determinar o que é de ordem física e o que é de ordem psíquica na linguagem.

Porém, o que a lingüística tem a determinar, não está, para o mestre genebrino, num ou noutro elemento formador da linguagem, mas na ligação entre eles.

E é justamente na complicação que se estabelece, ao se buscar compreender em que momento e de que forma, exatamente, uma seqüência de ondas sonoras se torna capaz de representar uma idéia, um conceito mentalmente unido a uma imagem acústica, que parece ter surgido a necessidade saussuriana de separar e dicotomizar os conceitos já existentes.

E, assim, o fez Saussure: Dividiu o objeto de sua investigação sem, no entanto, desconsiderar o elo que faz com que cada elemento, abordado a partir de um dado ponto de vista, seja encarado como apenas um lado de uma mesma moeda.

A mesma lógica de investigação foi aplicada ao signo. O que torna mais fácil a compreensão da dicotomia Língua/Fala da qual trataremos na postagem à seguir.

Até breve!

Um comentário:

Gih Costa disse...

Sou aluna do curso de Letras, segundo período. E estou tirando uma serie de duvidas aqui no seu blog.
Sua iniciativa é muito criativa, e bem-vinda. Pena que não tem mais post's recentes. Mesmo assim..
Muito Obrigada!