quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Lingüística, a ciência das oposições inta-sistêmicas.




Saussure pensou sobre os fenômenos da linguagem durante o período em que manteve a cátedra de gramática comparada, ou de Lingüística Geral, como era corrente rotularem, na época, os estudos lingüísticos na França, Alemanha e Inglaterra. Antes de tudo, ele foi um filósofo da linguagem, buscando entender seu funcionamento, sua função, sua origem e essência. Suas reflexões abrangem efetivamente três campos do saber; a epistemologia – analisando a possibilidade de uma prática científica; a especulação analítica ou filosofia da linguagem e a reflexão prospectiva sobre a disciplina ou epistemologia programática em que apostava numa ciência futura. Seus pensamentos acerca da linguagem estavam fundamentados na epistemologia da gramática comparada (épistémè do séc XIX) e na epistemologia da filosofia da linguagem da segunda metade do séc XVIII. Assim, houve uma reorganização da ciência lingüística que passa a tratar sincronicamente da semântica e diacronicamente, da fonologia.
Acreditou o mestre de Genebra que a lingüística futura deveria recuperar os objetos tradicionais da morfologia, lexicologia e da sintaxe bem como os da retórica e estilística. Propôs um estudo unificado desses objetos com base no princípio de opositividade intra-sistêmica, em que cada elemento encontra seu valor na relação de oposição que estabelece com os demais elementos dentro do sistema lingüístico.
Apesar do Cours de Linguistique Générale de 1916, é nos seus manuscritos que seus pensamentos fluirão de forma mais límpida e profunda à cerca dos critérios a serem adotados para que se fundamente um estudo científico da linguagem. Saussure, de próprio punho, apesar das notas fragmentárias, mostrou-se menos categórico quando revela suas dúvidas e pensamentos sobre os pontos fundamentais do estudo lingüístico, e mais radical ao tecer críticas à falta de reflexões epistemológicas que caracterizavam a Lingüística de seu tempo.

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